sábado, 10 de janeiro de 2009

Mãos

Mãos, mãos, mãos....
Multipliquem-se, eu lhes ordeno
Preciso amparar meu amado
Preciso afagar meu amado
Preciso fazer-lhe com urgência
Cafuné na careca
E cofiar-lhe as barbas.
É preciso alimentá-lo
Tão magrinho que está.
É preciso livrá-lo das mãos alheias
Que o querem machucar.

Mãos, mãos...
Por que só duas?
Precisava-as muitas
Para que envolvessem o meu amado
Para que o mantivessem vivo
Para que não o deixassem partir.

Mãos, apenas duas
Que serviram para segurar
A alça da última morada
Sem que se pudesse abrir a porta
Sem que se pudesse dizer adeus
Às mãos que me acariciaram
Que me deram prazer e,
Um dia, unidas no peito,
Partiram sozinhas.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A DOR

Que não se meçam palavras
gritos, nem lágrimas
pois é tempo de Dor.
Que se revirem as entranhas
que se expurgue o fel, a bílis, os excrementos todos
porque não há mais lugar no corpo.
É a DOR, pura e simples
que ocupa tudo,
que dilacera
muda e intensa,
a expulsar toda e qualquer outra
que não seja ela mesma
porque chegou para machucar
porque chegou para ocupar o lugar
da alegria
do amor
que partiu
e deixou espalhados
os pedaços todos
a que sua partida
reduziu meu coração.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A perda

Duas vezes a vida me pilhou
Duas vezes deu-me o doce mais doce
para que eu conhcesse o amargo da saudade.
Dois amores intensos, profundos
Dois amores para me completar
e depois
O vazio enorme da solidão.

Teu azul

Que todas as luzes se apaguem
menos a sua
pois embora seus olhos
já baços
não reflitam mais a alegria de viver
ainda são os sois azuis
que aquecem minha alma.