sábado, 10 de janeiro de 2009

Mãos

Mãos, mãos, mãos....
Multipliquem-se, eu lhes ordeno
Preciso amparar meu amado
Preciso afagar meu amado
Preciso fazer-lhe com urgência
Cafuné na careca
E cofiar-lhe as barbas.
É preciso alimentá-lo
Tão magrinho que está.
É preciso livrá-lo das mãos alheias
Que o querem machucar.

Mãos, mãos...
Por que só duas?
Precisava-as muitas
Para que envolvessem o meu amado
Para que o mantivessem vivo
Para que não o deixassem partir.

Mãos, apenas duas
Que serviram para segurar
A alça da última morada
Sem que se pudesse abrir a porta
Sem que se pudesse dizer adeus
Às mãos que me acariciaram
Que me deram prazer e,
Um dia, unidas no peito,
Partiram sozinhas.

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