Sabe aquela langerie vermelha
Bem pequena
Rendada?
Guardei.
Estou aqui, pai.
Ouvi o teu chamado
Vindo de longe.
Um silvo longo
em dois tempos
vindo do tempo em que
eras vivo e são.
Alguém te trouxe
E teu chamado me acordou
Neste dia de setembro
Chuvoso e tenso...
Vim das lembranças de nós dois
Das canções que compartilhamos
Das cervejas com que comemoramos
A vida e o reencontro...
Trouxe comigo a tua dança
Desajeitada
Com que celebravas a vida e a alegria...
Estou aqui, pai
Trago meu amor e minha saudade
Deste longo tempo que se foi
Desde o último abraço...
Ctba, 7 de setembro de 2022
Tu, ave de rapina
Voos rasos em minha vida
Asas que tudo cobrem
visão atravessando o mar.
Tu, doce arquejar
Das horas tantas de solidão
Açude de minha sede
Insaciada em pleno mar.
Tu, cantador e cantar
Poesia de verde mar
Tu, mais que tudo
Bálsamo no desesperar
Tu, ponte, ilha e mar
Acidentes de se viver
Tu, ventos e calmaria
Tu, sonhar e não
morrer.
Te quero.
Muito, muito.
Saudades.
Beijos
Afagos.
Saudades.
Você
Tudo
Saudades
Poesia
Música
Saudades.
O tempo
qualquer lugar
saudades .
Quero você
sempre
Saudades.
Te quero
Te quero
Saudades.
Nasceu da noite
nela e por ela
este amor,
que em tantas noites
trago junto a mim.
Nasceu do brilho do teu olhar
indissolúvel ao da estrela
uma luz serena
a seguir.
Nasceu do sereno
o molhado de um beijo teu
saudade em minha boca
a rolar pela face
em tua saudade.
Nasceu do escuro da noite
este que trago na alma
que em outras tantas noites
me faz perder a calma
Apenas alguns quilômetros
e uma vida inteira
nos separam.
Estou aqui. Tão perto de ti...
Poderia tocar-te com os dedos
ao esticar os braços.
Mas a distancia entre nós...
Foges sempre.
Ontem?
Hoje?
Amanhã?
Mudei a geografia
desfiz a distância
Mas você não soube ler
nas entrelinhas
Teu nome é a Poesia
que vem minha pena molhar
não fosse esta paixão
podia a pena secar
Teus passos, sempre fugidios
se perdem em meu olhar
Busco-te em tudo e em nada
Tentando nos encontrar
Teus olhos, as luzes na noite
De um eterno procurar
quisera a luz dos teus olhos
agora em meu olhar
Tua poesia é a metade
da minha, ímpar, sem par
se longe olhamos a lua
se juntos, somos o luar...
Passa o tempo
Passa o vento
onde eu queria voar
nas asas doces do vento
tentando te encontrar...
Da janela vejo o mundo
em seu cinzento girar
queria o verde profundo
que brilha em seu olhar
Passa o vento
passa o tempo
sempre no mesmo lugar
vou girando em tua saudade
tentando te encontrar
Eu queria que tudo que passa
que passa ou a girar
ficasse quieto, quase mudo
pra eu ouvir o teu cantar
Passa o tempo,
passa o vento
em seu mudo cantar
passarinho na gaiola
querendo pra ti voar...
Foi da minha fantasia
que fiz brotar este amor,
afeto que me acompanha
por noites e delírios
sem corpo, só alma
sem presença, só falta,
que driblou distâncias
tempos e separações,
e hoje dribla a morte,
maior das rivais
que não consegue te levar todo.
Dentro de mim, bate forte
a junção de nossos corações
no ritmo da tua voz
nos espaços de minha poesia
que nos fazem eternos.
O corpo estremece
ante tua imagem
na pele a memória desperta
das tuas mãos
e os caminhos percorridos
em nossa paixão.
Há sempre algo para fazer
uma espera, um depois
que não pode esperar
adiadas as palavras
postergados os afetos
descobre-se o deserto
encoberto
no jardim de inverno
Céu, araucárias
Água corrente
Sol morno de fim de tarde
E o bailado das nuvens.
Cenário para solidão
Que exalo
Como perfume inútil que embriaga só a quem o usa.
Pássaros aos longe
E a inveja da locomoção possível
Da possibilidade de voar para uns braços
Apesar da tempestade que se anuncia
Céu de araucárias recortado
Sons de água e de pássaros
Sol ameno do crepúsculo
Em azul, branco e plúmbeo.
No reflexo teu rosto me sorri
Teus olhos me acenam entre nuvens
E ainda assim é inútil o meu perfume
Voltei repleta de sal e sol, com a alma banhada de azul, a boca sabendo a lúpulo e o coração a amor...